1. |
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A altura é perfeita
Irmos sair só nós dois
A um destino remoto
P'ra evitar multidões
Não quero apanhar o vírus
Estou infectado contigo
Promete o fim desta quarentena
Fá-la pequena
Fala, pequena
Não quero apanhar o vírus
E ficar com convulsões
Antes vou sair contigo
Alimentar compulsões
Não quero apanhar o vírus
Estou infectado contigo
Promete o fim desta quarentena
Fá-la pequena
Fala, pequena
Ié
[Wow weow
Wowowowowowowowowowowow
Yeah, yeah baby
Hoh, huh
Hoh yeah
C'mon baby
Let me hear you say it, aah
Huuuh, hohn
Hun hun hun hun
Huun, mmmm
Mmbo]
|
||||
2. |
||||
A vida é como a estrada (à noite),
só vemos trinta metros para a frente;
P'a trás não vemos nada (à noite)
e as curvas aparecem de repente.
Já estou a sufocar, pá, abre o vidro p'a vir ar!
Não há um corte há horas, estou deserto p'a virar!
A vida é como a estrada
e tens de circular no pavimento;
À volta estás cercada
e só te resta olhar p'ró firmamento
Abranda o carro, apaga as luzes, vamos só testar
Se dá p'ra andar por esta estrada só à luz do luar.
A vida é como a estrada
e tu já vais
com uma luz
fundida
(fuNdida,
tem ali um éne, não sei se perceberam.)
|
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3. |
Sou eu o camafeu
01:58
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Eu sei que (só) lês coisas escritas por quem sabe escrever
Lês coisas tão bonitas, rimas difíceis de apreender (aaah)
Mas eu não sei escrever como quem sabe escrever
Eu só sei escrever como quem mal sabe ler
E só ouves cantigas que já nem cantigas são
São delírios de artistas, lirismo em canção (aaah)
Coisas (tão) profundas, fruto de alta formação
E eu só sei cantar do cu-ração
Talvez se eu tocar assim um pouco como os Beatles
Tu me dês mais atenção,
E com esta cadência vou passar-te esta vibração,
Vibração,
Vibração, ié!
Eu sei que estás noutro plano, mais alto que o meu
Não há divindade que me inspire a ser Orfeu
És a parte esculpida, mas sou eu o camafeu
Uma pedra preciosa e nunca/sempre teu
Uma pedra preciosa e
Nunca/sempre
Teu
(Porque eu vi no dicionário que um camafeu
Além de ser uma pessoa feia
Também é uma coisa feita de pedra preciosa)
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4. |
||||
Qual é a coisa, qual é ela,
que quando te apanha tu é que o apanhas?
Qual é a coisa, qual é ela,
que quando o apanhas, ele já te apanhou?
Já ele te apanhou,
já ele te apanhou.
Ele vai apanhar-te, ele vai apanhar-te!
Olha que apanhas, olha que apanhas!
Olha que apanhas!
Olha que o apanhas!
Olha que te apanho!
Ai se tu me apanhas…
|
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5. |
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A altura é perfeita
Para sairmos os dois
A um destino remoto
Pʼra evitar multidões
Não quero apanhar o vírus
Estou infectado contigo
Promete-me o fim desta quarentena
Fá-la pequena
Fala, pequena
Não quero apanhar o vírus
E sofrer com convulsões
Antes vou sair contigo
Alimentar compulsões
Não quero apanhar o vírus
Estou infectado contigo
Promete-me o fim desta quarentena
Fá-la pequena
Fala, pequena
{Fala, pequena, fá-la pequena
Fá-la pequena, fala, pequena
Aaaaaaaiaaaiaaaii
(Porque é que eu faço sempre isto)
Aah}
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6. |
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Se me vires, carrega em mim!
Se me vires, carrega em mim
E ouve-me!
Carrega em mim duas vezes!
Carrega em mim duas vezes
Ou uma no coração!
Carrega no avião e manda!
Carrega no avião de papel ou manda-me
Para o car…
… rega em mim,
Carrega em mim.
O diabo que carregue em mim?
O diabo ME carregue a mim!
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7. |
Drogas (Chanson d'Amour)
01:25
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esta canção é sobre drogas,
todas as canções são sobre drogas,
todas as canções de amor são sobre droga.
sabes que o amor é uma droga,
sabes que canções de amor são droga,
todas as canções de amor são sobre droga.
quem usa droga é toxicodependente;
o amor é tóxico e tu és dependente.
esta canção é sobre drogas,
todas as drogas são sobre drogas,
todas as drogas são drogas sobre drogas.
drogas drogas, drogas drogas;
drogas drogas drogas, drogas drogas;
drogas drogas drogas drogas, drogas drogas.
drogas drogas drogas drogas drogas drogas drogas,
drogas drogas drogas drogas drogas drogas drogas
drogas drogas drogas drogas drogas drogas drogas drogas drogas.
drogas drogas drogas drogas drogas drogas drogas
drogas drogas drogas drogas drogas drogas drogas drogas
drogas drogas drogas drogas drogas drogas drogas drogas drogas.
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8. |
||||
Aqui está algo que nunca te disse,
a sinfonia do largar
E eu já te disse tanto,
mas ainda assim tão pouco
Não me faças repetir.
[E repito]
Aqui está algo que nunca te disse,
a sinfonia do largar
E eu já te disse tanto,
mas ainda assim tão pouco
Não me faças repetir.
Queria que me libertasses
desta prisão que fiz
para mim próprio…
Tira-me de mim…
Tira-me de mim.
|
||||
9. |
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Não trabalho, mas tenho calos.
Não trabalho, mas tenho calos.
Sou cigarra e tu formiga,
Que entre nós nunca haja espiga.
Não trabalho, mas tenho calos.
Não trabalho, mas tenho calos.
Deixa cantar-te uma cantiga,
Esta é nova e esta antiga.
Não trabalho, mas tenho calos.
Não trabalho, mas tenho calos.
No verão encho a barriga,
No inverno sê minha amiga.
Não trabalho, mas tenho calos.
Não trabalho, mas tenho calos.
Sou cigarra de pouco alento,
O teu ouvir p'ra me dar talento.
O teu ouvir p'ra me dar talento!
Não trabalho, mas tenho calos
Não trabalho, mas tenho calos
Não trabalho, mas tenho calos
Não trabalho, mas tenho calos
Não trabalho, mas tenho calos
Não trabalho, mas tenho calos…
|
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10. |
Two things
01:40
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|||
there are only two kings,
silence and the song;
one is reconnecting,
one is never gone;
spikes of self infliction,
masses of self doubt,
all my recollections
repossessed in clout.
there are only two things
that I truly want:
(to) have you or forget you,
that is all I want;
neither have I found here,
callous overthought.
heaven haven't sent you,
god help me move on.
(long single sustained raspy note)
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11. |
Voltar p'ra casa
04:06
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disseste p'ra eu ficar em casa,
mas eu queria voltar p'ra casa;
disseste pra eu ficar em casa,
mas eu queria voltar pra casa.
é um castigo que alguém me deu,
não querer fazer o que queria fazer
depois de alguém me dizer
para fazer o que eu já ia fazer.
e agora que estou sempre em casa,
tanto em casa como costumava fazer,
já estou farto de estar em casa
e a minha casa está a desaparecer.
é um castigo que alguém me deu,
não querer fazer o que queria fazer
depois de alguém me dizer
para fazer o que eu já ia fazer. (e é.)
disseste p'ra eu ficar em casa
e eu queria voltar p'ra casa;
disseste p'ra eu ficar em casa
mas já não dá p'ra voltar p'ra casa…
vejo o tecto a desvanecer
e as paredes todas a derreter.
estava enganado, não estava a ver,
já não sei nada onde é que estava a viver.
|
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12. |
Os pássaros
02:20
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|||
bonita formação em que voam
totalmente aleatória
cada mudança de direcção
totalmente irrisória
o caminho é assim
não te enganes, vai por mim
o teu/(meu) medo um festim
de cabelos a voar
unha e carne a separar
vem comigo imitar
os pássaros e a
[repete, troca «teu» por «meu»]
|
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13. |
Small fish, big fish
03:01
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small fish, big fish
now you're cookin'
deep fry, big lie
now you're smokin'
my friend that's livin' inside your mind
any friend that's livid is so divine
tell me that you want it, that you need it, that you miss it
small fry, big big fry
now we're talkin'
small talk, big talk
no one's laughin'
no one's got good reason to say goodbye
there is no good season not to leave you hangin' out to dry
tell'em that you got it, that you'll get it, that you'll make it
|
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14. |
From up here
03:06
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|||
From up here
there's a view
and there's nothing you can't see
But I can't see you
and you can't see me
From up here
I can see the world
for what it truly is:
it's just a bunch of lights
and a bunch of tears
It's just a bunch of lights
and a bunch of tears
From up here
you can touch the sky
just reach out, reach out, reach out and touch the sky
but you can pretty much do that
anywhere you like
from up here
there's a view
of me and you
Oh, me and you
But I
can't see you
It's just me and you
but I can't see you
Just me and you
but I can't see you
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15. |
Borboletas
02:26
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|||
Deixas-me aqui
a ver borboletas
Deixas-me aqui
a ver borboletas
O contentor
destas minhas letras
Um dia não te arrependas
Sonetos não são emendas
As consequências tremendas
de um poeta que
nunca soube o que escrever
Esbracejante no gostar
e valente no estragar
conheceste o escritor
que não sabia calar
Imponente de vazio
transbordante desvario
não gostava de ouvir xiu
e bem estava a precisar
Deixas-me aqui
a ver borboletas
Deixas-me aqui
a ver borboletas
tontas e vãs
como as minhas letras
Deixas-me aqui
a ver borboletas
Com um trôpego fazer
e a afogar num claro sentimento de prazer
Sem a invenção do ser
já ninguém me vai salvar e só me resta afogar
|
||||
16. |
||||
Não há nada que importe
Que não seja do futuro
Não há nada que te afecte
Que não venha do futuro
A manada do futuro vai
A manada do futuro vai
Carregar
E tu vais
Fraquejar
Eu não sei se acreditas
Em viagens pelo tempo,
Mas os problemas do futuro
São os touros do pensamento
E carregam desenfreados
Sina triste da cornada,
Vêm todos do futuro,
Parecem não querer mais nada
A manada do futuro vai
A manada do futuro vai
Carregar
Pelo tempo
Sufocar
(Uuuuu)
(Aaaaa)
(Uuuuu)
(Aaaaa)
São touros violentos
E bois loucos sanguinários
Só viajam pelo tempo
Porque são imaginários
Amainada do futuro vais
Amainada do futuro vais
Descansar
E os touros
Amansar
(Uuuuu)
(Aaaaa)
(Uuuuu)
(Aaaaa)
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17. |
||||
Tirei palavras das bocas toda a gente
Para escrever-te a maior carta de amor de sempre
E o mundo agora já não me diz nada.
E tu também não.
Nessa ganância de usar todas as palavras
Não me lembrei de deixar algumas para ti
Já me arrependi.
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18. |
Quando o vi dançar
01:31
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Quando o vi dançar
Pensei logo em casar
Não me vais convencer
A mudar de canção
Quando o vi dançar
Pensei logo em casar
Não me vais convencer
A mudar
de vestido
O senhor está comigo
E o meu coração não aguenta mais
Não acredita mais em ti
Porque me esqueci
de ti
Quando o vi dançar
Pensei logo em casar
E o dia vai raiar
|
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19. |
Toda a gente sabia
02:51
|
|||
Que sorte que eu tive de te ter na minha turma,
a rapariga mais bonita lá da escola
Um dia no cinema tive a ideia de um poema
que depois podia usar na aula de português
Toda a gente saberia
que o poema era sobre ti,
mas no ardor da paixão adolescente
não me importei e li
Envolto na negra opressão do quadro,
para professora e amigos,
em partes iguais de insanidade e coragem
declamei que te amava a quem quisesse ouvir
Toda a gente saberia
que o poema era sobre ti
Alguma coisa fiz bem,
alguma coisa fiz mal,
porque foste minha e eu fui teu;
e já não és, e já não sou,
e a vida assim seguiu,
mas o poema cá ficou-ou
Toda a gente sabia
que o poema era sobre ti
Toda a gente sabia
e nunca mais eu me esqueci de ti, ié
Toda a gente sabia
que o poema era sobre ti
Toda a gente sabi…
Toda a gente sabia
que o poema era sobre ti
Toda a gente sabia
e nunca mais eu me esqueci de ti, iei-é
Toda a gente sabia
Toda a gente sabia
e nunca mais eu me esqueci de ti, i i
|
||||
20. |
O mau em bom
01:54
|
|||
Simpatizo com esse olhar
de quem cala o seu vagar
na rotina de transformar o mau em bom.
Adormeço em teu lugar.
Sei que ficas a matutar,
«como é que eu hei de transformar o mau em bom?»
E a janela dos sonhos
abriu-se para mim:
um mundo em que não tem de ser assim.
E a janela dos sonhos
abriu-se para mim…
um mundo em que não tem de ser assim.
|
||||
21. |
||||
Falamos pelo Instagram,
pelo WhatsApp e o Discord,
e ao telefone da tua mãe,
e ao telefone da tua mãe,
(hi, hi, hi, hi.)
Com tanta troca de mensagens
deixas-me os dedos a arder,
e outras partes também,
e outras partes também,
(ai, ai, ai, ai.)
E se me deixas só em lido,
logo fica bem mais frio:
é o inverno do desdém,
é o inverno do teu desdém,
(ai, ai, ai, ai.)
Cada vez mais a resposta tarda em vir…
Há cinco dias que só vejo o teu sumir…
Mas em que é que eu me fui meter?
Estou a ensandecer,
Por ti!
Manda-me
uma SMS,
ou então um postal;
um sinal de fumo!
Diz-me só:
Vais deixar-me só?
E eu já estou tão só…
só mais uma vez…
Manda-me
um aerograma
com qualquer coisa em Morse,
um email anónimo!
Diz-me só:
vais deixar-me só?
Ai, eu já estou tão só…
e tão só vou ficar só mais uma vez…
uma vez…
uma vez…
uma vez mais.
Mais?
Nunca mais!
Nunca mais
Redes sociais.
Mais?!
Nunca mais.
Nunca mais
Redes sociais.
|
||||
22. |
Suspiros
02:14
|
|||
Não ponhas os teus ovos todos na mesma cesta,
Não vá haver muita agitação na tua vida.
Acabas com claras em castelo infinitas.
E depois o que é que fazes com isso tudo?
Suspiros.
Ai, suspiros.
Mas falta doçura, tens de lhes juntar açúcar;
E sumo de lima estabiliza a estrutura.
É sempre preciso acidez nas nossas vidas.
Esperemos que as gemas não se intrometam
Que não queremos ovos mexidos.
Aaai, suspiros.
Não chores mais sobre o leite que foi derramado,
Não vão as lágrimas coalhar a proteína.
Tens toda a razão, as lágrimas são bem salgadinhas;
No máximo salgas as «natillas».
Suspiros.
Aaaaaai, suspiros…
É o que acontece com os ovos todos metidos na mesma cesta:
Suspiros.
Os ovos partiram-se?
O leite derramou-se?
Suspiros.
|
||||
23. |
Terno abraço
03:39
|
|||
Dou-te um abraço tão terno
Que o podias vestir;
Se te calhou este duque
O abraço vem a seguir.
É um abraço de copas,
Traz nele três corações:
O meu, o teu e o dele,
Inspiração para canções.
Submeto
Para tua apreciação,
Sujeito
A levar um aperto de mão,
A braços
Com aquele temor de te perder,
Tão brando,
Este abraço que tenho
Para te oferecer.
Dou-te um abraço tão brando
Que entrou em filmes antigos.
Tenho abraços guardados
P'ra todos os meus amigos.
Submeto
À tua consideração,
Sujeito
A ficar de abraço na mão;
Abraços
Tenho p'ra dar e p'ra vender,
Mas este
Será p'ra sempre o teu,
É só mostrares querer.
Submeto
À tua consideração.
Tenho p'ra dar e p'ra vender,
Mas este
Será p'ra sempre o teu,
É só mostrares querer.
|
||||
24. |
Banana
01:50
|
|||
Amarela, curva, fácil de comer:
não, não se trata de uma prostituta biliosa com escoliose;
sim, trata-se antes de uma fruta saborosa que tem sacarose.
É bom comê-la com manteiga de amendoim
em vez de andares a enfardar em bolas de Berlim.
Com queijo num papo-seco é um deleite dos deuses,
«ó “Ambrósio”, traz-me lá essa “ambrósia”»
amarela, curva, fácil de comer,
importada de onde está sempre calor.
É a Índia o seu maior produtor,
mas maior exportador é o Equador.
(dados de 2019)
Podes botá-la na salada ou nos teus cereais;
fazer papinhas de aveia com banana é demais!
Já ouvi dizer que dá para fazer um gelado
que é só banana toda esmagadinha!
HmmMmm, banana, banana
HmmMmm, banana, banana
Hmmmmm, banana, banana
HmmMmm, banana, banana
|
||||
25. |
Sem saber
02:40
|
|||
[sem saber
o que dizer por mim
não pude defender
o mal que cometi
não direi
que não logrei de errar
boa verdade é que
me deixas sem razão
e sem saber]
|
Ruben David Marques Leiria, Portugal
Ruben David Marques é um artista que desafia rótulos. Ainda no outro dia o vi refilar com o duma garrafa de refrigerante.
Nunca resiste a descolá-los.
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