Alguém me contou esta história de um rapaz que, no ensino secundário, namorou com uma rapariga a quem uma vez escreveu um poema que leu durante uma aula de português. Eu achei isso altamente corajoso e também tresloucado. Eu nunca teria tido coragem para fazer tal coisa.
A ideia inicialmente inspirou-me um poema que depois manipulei e expandi até conseguir enfiá-lo bem nesta música que mais tarde lhe fiz.
Há certos truques e artifícios que são bons de se utilizar quando se quer criar uma canção orelhuda: usar temáticas de fácil compreensão e com as quais todos se possam identificar; falar de amor; usar de tom e temática alegre; introduzir um assobio melódico simples; fazer um refrão orelhudo e repeti-lo vezes sem conta; ter uma mudança de tom a subir a certo ponto da cantiga para se repetir o refrão mais uma vez mas num tom mais alto; fazer a canção em escala menor e o refrão em escala maior; etc..
Pois nesta canção consegui enfiar vários desses truques, e o resultado foi engraçado: uma canção que eu descrevi como sendo algo que se poderia cantar num acampamento de escuteiros à volta duma fogueira, ou que num concerto seria daquelas em que a banda pode deixar o público cantar sozinho o refrão.
Apesar de tudo, não me agrada muito fazer canções dessas, que é algo formulaico e dá-me um bocado a sensação de ser como «sermos vendidos», principalmente canções em que se insiste muito no refrão (a repetição é a melhor maneira de se enfiar alguma coisa na cabeça do ouvinte), e portanto o refrão na verdade vai evoluindo ao longo da canção e só no fim se mantém para as repetições finais.
Mas por que não fazer canções assim, se nós gostamos delas?!
É talvez algo tolo ser contra canções orelhudas, mas pronto.
Esta canção cheira-me a Rui Veloso, tem ali uma parte em que estou claramente a imitar Elvis Presley, tem alguma coisa de Jack Johnson, de Rio Grande ou Cabeças no Ar, de Azeitonas e Miguel Araújo. Acho que é uma dessas músicas, é muito familiar e de fácil consumo.
Foi giro. Gostei de fazê-la. É pouco original, mas ao mesmo tempo tem qualquer coisa de fresco e novo. ®
lyrics
Que sorte que eu tive de te ter na minha turma,
a rapariga mais bonita lá da escola
Um dia no cinema tive a ideia de um poema
que depois podia usar na aula de português
Toda a gente saberia
que o poema era sobre ti,
mas no ardor da paixão adolescente
não me importei e li
Envolto na negra opressão do quadro,
para professora e amigos,
em partes iguais de insanidade e coragem
declamei que te amava a quem quisesse ouvir
Toda a gente saberia
que o poema era sobre ti
Alguma coisa fiz bem,
alguma coisa fiz mal,
porque foste minha e eu fui teu;
e já não és, e já não sou,
e a vida assim seguiu,
mas o poema cá ficou-ou
Toda a gente sabia
que o poema era sobre ti
Toda a gente sabia
e nunca mais eu me esqueci de ti, ié
Toda a gente sabia
que o poema era sobre ti
Toda a gente sabi…
Toda a gente sabia
que o poema era sobre ti
Toda a gente sabia
e nunca mais eu me esqueci de ti, iei-é
Toda a gente sabia
Toda a gente sabia
e nunca mais eu me esqueci de ti, i i
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