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As pessoas s​ã​o lindas

by Gilberto Pessoa

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1.
Nós somos cepos As pessoas são cepas As pessoas são lindas São cepas lindas e tortas As pessoas são cepas tortas Não passamos de cepas tortas Não passamos das cepas tortas que somos e que vivemos Mas somos lindos Como as nossas vidas são lindas Como as cepas tortas das quais não passamos, lindas.
2.
Walking it off, looking at cars, Staring at people all playing their parts Walking it off, smelling the air, Breathing, much to my despair All these people are trying To do something about it Walking it off, going somewhere What do I care, how do I dare? Walking it off, letting it out, Breathing, deeply All these people are trying, Much unlike myself, To do something about it But it's all, like, what do they know?! [I mean, really...] What do they know?! What do they know?
3.
E matasse pensar Que farto estou eu De passar os meus dias A falar sozinho Matasse o pensamento, Miséria das misérias, Ou pelo menos acalmasse só um bocadinho Porque pensar Excita Irrita Enerva Altera Aumenta Ilumina Acelera E ficar no escuro É muito mais calmo Muito mais puro Mais seguro
4.
As minhas mãos cheiram a tangerina O teu cabelo cheira a limão O teu perfume é uma mistura De coco e melão Por favor faz salada de fruta comigo Neste serão Serão essas as frutas da paixão E se os teus lábios sabem a morango Os beijos, aos pares, são cerejas E as maçãs do rosto estão coradas Assim que te peço Por favor faz salada de fruta comigo Eu sei que desejas E não é só o maracujá Esses ingleses sabem lá Todas as frutas são as da paixão
5.
Dorme, pequenino, Dorme, pequenino, Dorme, pequenino, bem Dorme, pequenino, Dorme, pequenino, Dorme, pequenino, bem Dorme, pequenino, P'ra não seres pequenino Para sempre, pequenino, bem Dorme, pequenino, Vê se cresces, pequenino, Que eu não sou a tua mãe. Dorme, pequenino, Dorme, pequenino, Que amanhã tens de ir brincar Dorme, pequenino, Dorme, pequenino, Que amanhã tens de ir estudar. Dorme, pequenino, Dorme, pequenino, Que amanhã tens de ir trabalhar Dorme, pequenino, Dorme, pequenino, Que amanhã é dia de morrer.
6.
There's the wind outside, it blows Not knowing where it goes There's the rain outside, it pours Not knowing when it starts or stops I stay in, there's no need to go outside and catch a cold from All the wind and all the rain and all the people that don't care Go on, try to see where all the leaves are being flown to Go, and leave me the fuck alone
7.
Eu falo demais Eu penso demais Todas as coisas que aprecio Eu faço demais Eu penso demais E é assim que as arruíno.
8.
Se eu tivesse oito anos diria que cheiras mal dos pés Mesmo sem cheirar-te os pés Mesmo sem cheirar-te Mas como tenho vinte e três já não seria correcto de mim Dizer-te a verdade assim Mesmo não sendo a verdade assim Por isso digo p'ra mim próprio que esta porra desta merda não está bem assim Esta porra desta merda desta porra desta merda não devia ter sido assim Quantas vezes tenho de dizer-te que não quero ver-te aqui Não quero olhar p'ra ti Não quero pensar em ti Quantas vezes tenho de dizer-te que eu te odeio Que não te suporto Não volto a falar p'ra ti Por isso digo p'ra mim próprio que esta porra desta merda não está bem assim Esta porra desta merda desta porra desta merda não devia ter sido assim Conhecer-te foi um pouco como ir daqui a Roma num dia de sol A pé Descalço E descobrir que a partir de Barcelona a estrada é feita de pionés Que ficam espetados nos pés Dos incautos Por isso digo p'ra mim próprio que esta porra desta merda não está bem assim Esta porra desta merda desta porra desta merda não devia ter sido assim
9.
Tentei fazer uma música em português Mas não consegui Então comecei a chorar em inglês Não é que não consiga Dizer o que sinto em português Mas assim não consigo imaginar-me A sofrer num filme de Hollywood
10.
O funcho 01:35
«Há diversos tipos de funcho, sendo o funcho-doce de Florença e o funcho-de-jardim os mais conhecidos. Quase todas as partes destas duas variedades podem ser utilizadas com fins culinários, mas as suas sementes é que são famosas pelas suas propriedades medicinais. O funcho-doce de Florença tem uma base dura, bolbosa e carnuda, de textura estaladiça, e um aroma suave mas inconfundível a alcaçuz. Come-se cru, em saladas, mas também cozido ou guisado. O funcho-de-jardim tem caules delgados de cor verde-escura e folhas muito recortadas. Com o seu sabor refrescante e delicado a anis, acompanha bem peixe e marisco. O funcho contém betacaroteno, que o organismo converte em vitamina A, e ácido fólico, necessário à produção de sangue. Com apenas 12 Cal. por cada 100 g, constitui um ingrediente adicional de baixo teor calórico para uma salada. Porém, e à semelhança do AIPO, o funcho pode conter elevado teor de nitratos.»
11.
Sincero 03:37
12.
Você 01:37
O que eu disser, O que eu falar, Você vai ver Que vai lembrar, Você não vai esquecer Você vai recordar O que eu escrever O que eu cantar Você vai ver Que vai colar E 'ocê não vai ligar Mas vai memorizar E aí Tem essa porção Que não se parece Com o resto da canção Mas não vai durar Por muito tempo, não, não 'Ocê ouviu Essa canção Que eu compus Com emoção Cujo nome é «Você» P'ra você não esquecer Você não vai esquecer O nome é «Você»
13.
O comboio 01:41

about

Entre 2006 e 2008 fiz muitas canções, algumas «experimentais» (leia-se «parvas e/ou más»), outras mais fáceis de consumir.

Em 2010 decidi atribuí-las a um pseudónimo/heterónimo: não estava pronto para assumir a responsabilidade pelo que eu trouxesse ao mundo.

Chamei carinhosamente a esse alter-ego Gilberto Pitão Real Pessoa.
Mas este logo começou a tratar-se a si mesmo por Gilberto Pessoa, rejeitando o nome de família da mãe e preferindo utilizar o do pai; lá terá achado o nome «Pitão» algo inusitado, e terá achado que assinar a sua obra como «Gilberto Real Pessoa» seria demasiado autorreferencial, auto-cínico, autoacusativo.
Um gesto vindo dos instintos de auto-preservação e autorrealização, suponho.

É curioso como mesmo os seres imaginários lutam pela verdade das suas identidades e existências.

Há poucas coisas mais perigosas que criar algo imaginário e dar-lhe agência.

Na altura publiquei todas estas músicas (e mais) noutras plataformas públicas, mas entretanto todas caíram no esquecimento e desuso.
Para este álbum decidi recuperar aquelas que me pareceram mais interessantes a mim e mais apreciadas pelas poucas pessoas que na altura as ouviram, mas remasterizei-as com o intuito de trazer mais clareza à voz e retirar ênfase ao ruído electrónico das gravações de má qualidade. De resto, pode ouvir-se nelas todo o original charme inacabado e improvisado que é tão comum nas minhas canções.

O Gilberto manda beijinhos.

credits

released December 25, 2010

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about

Ruben David Marques Leiria, Portugal

Ruben David Marques é um artista que desafia rótulos. Ainda no outro dia o vi refilar com o duma garrafa de refrigerante.

Nunca resiste a descolá-los.

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